Não acredito que Dirceu cometeu crime’

Lula falou ao New York Times. Ouviu-o o repórter Alexei Barrionuevo. Estiveram juntos por 75 minutos, na semana passada. Deu-se no Planalto. Em meio às muitas platitudes que pronunciou, o presidente brasileiro saiu-se com uma defesa temporã de seu ex-chefão da Casa Civil, levado ao megabanco de réus do mensalão como chefe de “quadrilha” : “Eu não acredito que haja qualquer evidência de que o [José] Dirceu cometeu o crime de que está sendo acusado. Ele será julgado”.
À falta de melhor explicação, Lula repisou a fantástica versão segundo a qual “não sabia” do tricô que a “quadrilha” tecia sob suas barbas. Quem o traiu?, quis saber o repórter do NYT. Lula, uma vez mais, recusou-se a dizer. Fez pior. Acomodou sobre a cuca de cada servidor público um halo de suspeição: “Há centenas de funcionários ao meu redor que eu nem tenho idéia do que estão fazendo.”

Mas os casos de corrupção não foram a tônica da entrevista. Tampouco a crise aérea. “Tais preocupações mal pareciam incomodá-lo”, anotou o repórter em seu texto, veiculado na edição deste domingo do NYT. Lula “estava otimista”. Lê-se na reportagem: Apesar das controvérsias, o índice de aprovação de Lula paira acima de 60%”.

Alexei Barrionuevo lista para os leitores do NYT os motivos que, a seu juízo, justificam o otimismo de Lula: “O Brasil, a maior economia da América Latina, apresentou um crescimento de 3,5% ao ano, menos do que outros países em desenvolvimento como a China e Índia, mas uma melhoria acentuada em relação aos anos 90. Os níveis de dívida e o desemprego estão em queda. As reservas estão crescendo. A inflação está a um terço do que há cinco anos”.

Abaixo, algumas frases de Lula:

Economia: “Nós estamos experimentando um momento auspicioso no Brasil […]. O Brasil está experimentando seu melhor período econômico.”
Lula X Chávez: “Nós, na América Latina, não estamos à procura de um líder. Nós não precisamos de um líder. O que precisamos é construir uma harmonia política porque a América do Sul e a América Latina precisam aprender a lição do século 20. Nós tivemos oportunidade para crescer, tivemos oportunidade para nos desenvolvermos, mas perdemos tal oportunidade. Assim, continuamos sendo países pobres.”Biocombustíveis: “Eu acredito que o mundo se renderá aos biocombustíveis […]. Nós democratizaremos o acesso à energia. Em vez de 10 países produzindo petróleo, nós poderíamos ter 120 países produzindo biocombustíveis.”
Depois de 2010: “Eu não vou fazer um programa de doutorado na Universidade de Harvard […]. Quando eu deixar a presidência, a única coisa que quero na vida é ser tratado como amigo por todos aqueles que eram meus amigos antes de assumir o cargo.”

PS.: Neste domingo, Lula, que acaba de chegar da Europa, embarca para os EUA.

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