Como os velhinhos

Por Rangel Cavalcante (DN)
Milhões de velhinhos aposentados da Previdência Social estão endividados até o pescoço, sem dinheiro até para comprar comida e remédio. Alguns até se suicidaram por isso. A causa foi o festival de empréstimos consignados com que o governo brindou os bancos para explorarem o grande filão dos seus parvos rendimentos. A farra causou estrago tamanho que teve que ser contida.

Pois o governo segue o exemplo dos velhinhos incautos. Nem se anunciou que o Brasil tinha reservas superiores à divida externa e o nosso presidente foi logo afirmando que a hora agora é de se endividar. A coisa tá boa. Vamos pedir dinheiro emprestado. E dito e feito. Começaram a se lambuzar com o aparente paraíso financeiro.

Só nesta última semana, o Brasil contraiu mais de US$ 1,5 bilhão em empréstimos externos, o que, somado aos de algumas semanas, já nos espeta uma conta de uns U 2 bilhões nos bancos internacionais. E não satisfeito, o governo anuncia a criação de um fundo em dólares para financiar empresas brasileiras no exterior. Isso significa pegar o nosso dinheiro para custear a instalação de empresas em outros países, que vão ganhar os empregos criados e os impostos, enquanto milhões de brasileiros que não conseguem uma cargo público em comissão, sonham com um empreguinho qualquer.

Em todo o mundo, os empresários chegam para investir trazendo os seus próprios capitais. Conseguem algumas facilidades e estímulos fiscais e até financiamentos locais. Montam fábricas e ganham dinheiro. Mas botam o dinheiro deles. Aqui vamos mandar brasileiros montarem fábricas em outros países, empregar estrangeiros, pagar impostos a outros Estados.

A continuar assim, logo estaremos de novo endividados até o pescoço, pedindo socorro ao FMI. É bom lembrar que o País tem uma dívida interna de mais de R$ 1 trilhão, uma das maiores do mundo, que não pode pagar e rola às custas do pagamento de juros astronômicos. Se continuarem se lambuzando no aparente paraíso financeiro, vamos acabar como os velhinhos da Previdência.

É de se admirar. O Presidente Lula criticava com veemência as dividas contraídas nas gestões anteriores. Agora, contraí divida sem a menor necessidade. Financiar empresas no exterior… será que o Brasil já tem empresas demais? Emprego demais? Dinheiro sobrando? A saúde vai muito bem, obrigado?
Entenda-se o que se passa na cabeça do Presidente.

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