De coisas inúteis

Por Rangel Cavalcante (DN)
Vivo, o ex-deputado Perilo Teixeira teria que acrescentar à sua polêmica trilogia das coisas mais inúteis do mundo, além da caríssima Câmara Legislativa de Brasília, as Comissões Parlamentares de Inquérito, as famosas CPIs.

O relatório sepulcral da CPI dos Cartões Corporativos não fugiu à regra da inutilidade dessas investigações que custam uma fortuna ao contribuinte. Como todas as demais, nos últimos 50 anos – há uma ou duas exceções – não deu em nada.

Todos os envolvidos são honestos, mesmo os que comprovadamente se lambuzaram com o nosso dinheiro. Ninguém meteu a mão no nosso dinheiro. Apenas ´por engano´, ministros e outros figurões pagaram suas contas pessoais com o cartão corporativo. Mas nenhum se enganou na contra-mão, pagando conta do governo com o próprio cartão.

O relatório do deputado Luiz Sérgio é um monumento à gaiatice e ao ridículo. Também pudera. Afinal, ele é do PT e um fiel companheiro. Apenas seguiu o lema: todo companheiro é honesto, mesmo que se prove o contrário(grifo nosso).

CPI, dentro do universo político nacional, é uma verdadeira afronta aos cidadãos. Não pode ser isenta num sistema em que parlamentar que apóia o governo o faz incondicionalmente, jogando às favas os próprios escrúpulos, quando os tem. O apoio é para o que der e vier. Assim, as tais comissões são a mesma coisa que um tribunal em que os juízes são quase todos empregados do réu. Só dá absolvição.

O País precisa encontrar uma forma eficaz para defender o cidadão das investidas dos governos – quaisquer que sejam – contra a decência e a ética, e contendo as suas investidas cleptocráticas. E não será, como está provado, com CPIs nascidas de conchavos com a própria oposição que se chegará a isso.

Vamos rezar para que o próprio povo, cansado de ser espoliado, humilhado e ultrajado (sabem quem é o novo presidente da Comissão de Ética da Câmara?) não decida fazer a justiça com as próprias mãos.

Mais uma pérola do conceituado jornalista Rangel Cavalcante.

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