Você vota num e elege o outro

É a constatação do documento entregue pelos ministros da Justiça e das Relações Institucionais ao presidente Lula.

O documento se refere às coligações partidárias nas eleições proporcionais, mostrando que, com seu voto, o eleitor escolhe candidato de outro partido, o que é uma fraude.

Isso é uma realidade tão flagrante que a maioria dos deputados são eleitos pelas sobras de legendas. O que se defende é a introdução do voto proporcional em listas preordenadas ou sistema de lista fechada, no qual o eleitor vota no partido, que elabora as listas, não no candidato, o que fortalece a vida partidária.

Além disso, a proposta do governo institui o financiamento público de campanha, a fidelidade partidária – mas estabelecendo um prazo para mudança de partido – e proibição de coligações em eleições proporcionais.

É um projeto que abrange o que seria essencial, em matéria de reforma política. O governo não pode enviar a proposta e lavar as mãos, como Pilatos no Credo. Ou tomará a iniciativa de articular a defesa do projeto, mobilizando a sua base de alianças políticas na Câmara, ou não haverá a mínima chance de êxito em mais uma tentativa de reformar nossas instituições.

Persiste uma obstinada resistência da maioria contra qualquer proposta de mudança do sistema eleitoral, sem o que não haverá como acabar com o individualismo e a corrupção na política brasileira.
Da coluna do Tarcísio Holanda no DN

Deixe um comentário