Olha a Dilma aí rapaz!

Dona Dilma tomou aquela que pode ser a mais importante decisão dos seus primeiros sete meses de governo. Acabou com uma das mais marcantes características dos oito anos de seu antecessor, aquela em que o presidente da República e demais figurões do poder evitavam apurar denúncias de corrupção e roubalheira na administração pública dizendo que não sabiam de nada. Agora todo mundo tem que saber e ver o que está acontecendo no seu terreiro. Não é possível que um ministro com oito anos de tarimba no cargo não soubesse de nada do que ocorria no universo da roubalheira em sua pasta, como no caso dos Transportes.

Nem nos escândalos na área do Petróleo e tantos outros que contamina o organismo da pública administração nacional. É verdade que, no governo anterior, ministros e outros dirigentes podiam fingir que não viam nada, não ouviam nada e por isso não faziam nada contra o saque dos dinheiros públicos. Seguiam apenas o exemplo do chefe, o presidente da República, que jamais demitiu um auxiliar envolvido em casos de corrupção e até pedia desculpas a eles, quando saíam. Os brasileiros podem começar a ter alguma esperança de que o governo de Dilma Rousseff, se não passar à história por obras monumentais ganhará lugar de destaque nela como o marco inicial da recuperação dos padrões morais e éticos dos brasileiros. Não basta ao homem público não roubar, mas também não deixar roubar. O caso do Ministério dos Transportes pode ser o início de uma nova era no Brasil. O que significa que a coisa não pode parar por aí. Há muito a fazer. Apenas as demissões não bastam. É preciso punir. Não precisa cortar a mão do ladrão, como fazem os muçulmanos, nem dar um tiro na nuca, como os chineses. Basta botar na cadeia os larápios e tomar de volta o que eles carregaram.

Mas a presidente sabe muito bem que nada disso poderá ser feito sem uma ampla reforma na nossa legislação penal e processual penal e alterações na própria Constituição para retirar delas os escudos legais que dão sustentação e incentivo ao crime no País pela garantia da impunidade. E com os aliados que tem por aí – os 300 de Lula no meio – isso será muito difícil. É bom frisar que para fazer isso a presidente precisa do apoio dos cidadãos de bem deste País. Que bem podem começar a mostrar isso nas eleições do próximo ano, demitindo da vida pública os maus políticos que se encastelam em muitas das nossas câmaras municipais e prefeituras por todo País.

Da coluna do Rangel Cavalcante no DN

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