Quem traiu quem?

Os caciques do PMDB estão raivosos porque se consideram traídos pelo governo, que não os avisou que a Policia Federal ia fazer uma caçada aos ladrões na área do Ministério do Turismo. Ora, é a mesma coisa que o Fernandinho Beira-Mar protestar porque não foi avisado de que seria preso.

O PMDB queria que todo mundo fosse alertado para ter tempo de esvaziar as gavetas e apagar as memórias dos computadores, destruindo provas. É de se perguntar: quem traiu quem? Foi o governo, que não avisou aos companheiros da operação, para dar tempo de esconder a sujeira, ou foram os apadrinhados políticos e seus cúmplices que se aproveitaram dos cargos para os quais foram nomeados, muitos sem competência, para roubar o dinheiro dos cidadãos? Assim com o PR, atolado nas roubalheiras do Ministério dos Transportes, com a ajuda do PT, o PMDB, maior estaca de sustentação do governo no Congresso, não tem o direito de reclamar.

Quem foi traído por eles foi o povo brasileiro, que no final paga a conta do saque aos cofres públicos – já que ninguém neste País devolve coisa nenhuma do que afanou do Estado. A presidente Dilma Rousseff não teve ter medo dos arroubos dos seus caros – caríssimos, aliás – aliados. Eles jamais rompem com os cofres públicos.

Na pior das hipóteses se declaram desligados da chamada base de sustentação no Congresso, como disseram os donos do PR. Isso significa apenas que o apoio deles vai ficar mais caro. Fora da base, preço será agora discutido no varejo e não no atacado. Cada votação, cada assinatura a ser negada ou retirada num requerimento de CPI será um negócio isolado. O preço sobe, mas é só pagar a tudo se acerta.

Dona Dilma pode ficar tranquila que aqueles 300 de que falava o cara ainda estão lá, prontos para patrioticamente fechar qualquer negócio. Dilma Rousseff não deve ter muito que fazer pelo Brasil. Lula já construiu o País inteirinho em oito anos.

Portanto, pode se dedicar a uma grande cruzada de combate à corrupção e aos corruptos. Temos hoje uma Polícia Federal competente e respeitada e altamente profissional. É só deixá-la trabalhar. Pode ser que algo jamais visto na história recente do Brasil esteja para acontecer: os ladrões dos cofres públicos sendo presos e devolvendo o produto do roubo.

Agora, nessa história de quem traiu quem não há duvida de que a carapuça cabe direitinho em quem indica, protege e defende e apadrinha os agentes da corrupção no serviço público.

Rangel Cavalcante

rangelcavalcante@uol.com.br

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