Arquivo mensal: agosto 2011

Quem traiu quem?

Os caciques do PMDB estão raivosos porque se consideram traídos pelo governo, que não os avisou que a Policia Federal ia fazer uma caçada aos ladrões na área do Ministério do Turismo. Ora, é a mesma coisa que o Fernandinho Beira-Mar protestar porque não foi avisado de que seria preso.

O PMDB queria que todo mundo fosse alertado para ter tempo de esvaziar as gavetas e apagar as memórias dos computadores, destruindo provas. É de se perguntar: quem traiu quem? Foi o governo, que não avisou aos companheiros da operação, para dar tempo de esconder a sujeira, ou foram os apadrinhados políticos e seus cúmplices que se aproveitaram dos cargos para os quais foram nomeados, muitos sem competência, para roubar o dinheiro dos cidadãos? Assim com o PR, atolado nas roubalheiras do Ministério dos Transportes, com a ajuda do PT, o PMDB, maior estaca de sustentação do governo no Congresso, não tem o direito de reclamar.

Quem foi traído por eles foi o povo brasileiro, que no final paga a conta do saque aos cofres públicos – já que ninguém neste País devolve coisa nenhuma do que afanou do Estado. A presidente Dilma Rousseff não teve ter medo dos arroubos dos seus caros – caríssimos, aliás – aliados. Eles jamais rompem com os cofres públicos.

Na pior das hipóteses se declaram desligados da chamada base de sustentação no Congresso, como disseram os donos do PR. Isso significa apenas que o apoio deles vai ficar mais caro. Fora da base, preço será agora discutido no varejo e não no atacado. Cada votação, cada assinatura a ser negada ou retirada num requerimento de CPI será um negócio isolado. O preço sobe, mas é só pagar a tudo se acerta.

Dona Dilma pode ficar tranquila que aqueles 300 de que falava o cara ainda estão lá, prontos para patrioticamente fechar qualquer negócio. Dilma Rousseff não deve ter muito que fazer pelo Brasil. Lula já construiu o País inteirinho em oito anos.

Portanto, pode se dedicar a uma grande cruzada de combate à corrupção e aos corruptos. Temos hoje uma Polícia Federal competente e respeitada e altamente profissional. É só deixá-la trabalhar. Pode ser que algo jamais visto na história recente do Brasil esteja para acontecer: os ladrões dos cofres públicos sendo presos e devolvendo o produto do roubo.

Agora, nessa história de quem traiu quem não há duvida de que a carapuça cabe direitinho em quem indica, protege e defende e apadrinha os agentes da corrupção no serviço público.

Rangel Cavalcante

rangelcavalcante@uol.com.br

Câmara aprova pedido de cassação



Vereadores aprovaram com sete votos contra dois pedido de cassação do prefeito afastado, Antônio Teixeira

Senador Pompeu. A sessão na Câmara de Vereadores, na noite do dia 16, mais uma vez começou tumultuada. Dessa vez o presidente da Casa Legislativa, Francisco Teixeira Pinheiro, mais conhecido por Chico Pinheiro, resolveu instalar telões para o público ver o trabalho dos parlamentares municipais do lado de fora. Pretendia evitar os problemas ocasionados na última sessão.

Não teve jeito. Tentando evitar a votação do pedido de abertura de processo solicitando a cassação do mandato do prefeito afastado, Antonio Teixeira, o grupo de simpatizantes do gestor público provocou um black-out no prédio. Os vereadores da cidade votaram, aprovaram e assinaram o pedido sob os refletores da câmera da emissora TV Diário.

A Comissão Processante deveria ter sido montada para julgar um pedido feito pela eleitora, Lúcia Aquino, na semana passada. Chico Pinheiro encerrou a sessão antes da votação, alegando tumulto. Ele havia justificado a necessidade de consultar a assessoria jurídica da Câmara.

O vereador Antonio Mendes de Carvalho, auxiliar da mesa e relator, alegou impedimento de leitura da denúncia em razão de cópias do processo do Ministério Público (MP) terem sido anexadas ao pedido. Corre em segredo de justiça.

Os oposicionistas insistiam na leitura da denúncia. Em seguida, haveria votação e formação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Agora o pedido foi aprovado, por sete votos a dois. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) terá 90 dias para investigar e apresentar provas que comprovem as ilicitudes das quais Antonio Teixeira é acusado. Em seguida, poderão definir o destino político do prefeito afastado.

Lula diz que debater sucessão de Dilma agora é "tiro no pé"

Política

Ex-presidente critica aqueles que pregam a sua volta e busca reconciliar a sucessora com os partidos aliados

Na avaliação de amigos de Lula, Dilma ouviu os conselhos e começou a se reunir com líderes de sua base no Congresso

Valdo Cruz e Natuza Nery, Folha de S. Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez chegar a líderes petistas a avaliação de que julga um “tiro no pé” debater agora a sucessão de 2014 e que o PT deve se preocupar no momento com as eleições municipais de 2012.

Em conversas reservadas, Lula disse a amigos desaprovar o comportamento de petistas que, por estarem contrariados com a presidente Dilma, pregam sua volta em 2014 como candidato do PT na eleição presidencial.

Segundo Lula, Dilma é a candidata natural à reeleição, principalmente se fizer um bom governo. Qualquer mudança de rota, diz, depende de uma decisão dela.

O petista está preocupado com o nível de insatisfação não só dentro do PT como entre outros aliados, sobretudo peemedebistas, em relação a decisões da presidente – como a faxina no governo e a falta de diálogo do Planalto com a base governista.

Clube dos Cafajestes?



Política

O episódio da prisão de 38 funcionários do Ministério do Turismo, a começar pelo secretário-executivo da pasta, terminou superado pela discussão sobre o uso, correto ou incorreto, das algemas.

Esclareço que não sou favorável a abusos policiais e nem à humilhação de prisioneiros. Basta-me o corrupto ser preso, segura e adequadamente. Mas os fatos foram distorcidos a um ponto tal que, de repente, as algemas ficaram mais importantes que os delitos praticados contra o dinheiro da sociedade.

O Ministro Wagner Rossi, da Agricultura, protegido do vice-presidente Michel Temer, visivelmente enriqueceu exercendo cargos públicos. Mansão milionária em Ribeirão Preto e, agora, o tal jatinho de R$7 milhões.

Não tem como permanecer no cargo. Seu secretário-executivo, aliás, já foi demitido. Wagner Rossi, não! Hipocrisia pura, misturada com medo que a presidente Dilma demonstra ter do poderoso PMDB.

Menos de sete meses de governo e sete escândalos de porte registrados no passivo de um governo que envelhece a olhos vistos. Alfredo Nascimento vai à tribuna do Senado, ameaça, nas entrelinhas, contar o que sabe, e os líderes governistas reagem covardemente, com panos quentes, bem ao estilo da República do “rabo preso”.

Outro dia, vi na televisão episódio escatológico, passado numa pequena cidade mineira: todos os nove vereadores estão presos e suas esposas investiam furiosamente contra as câmeras e os jornalistas. Uma dessas senhoras colocava a mão direita sobre o órgão genital e berrava: “quer filmar? Então filma aqui”. E um dos vereadores: “nós somos parlamentares, não vai acontecer nada conosco”.

Mais para trás, um prefeito petista do Ceará fugiu de prisão preventiva num ônibus, acompanhado do vice-presidente da Câmara Municipal e mais 34 picaretas.

Pergunto a mim mesmo. Que país estamos legando aos nossos filhos e netos? Uma realidade da qual eles tenham razão de se orgulhar? Ou um grande Clube de Cafajestes?

Arthur Virgílio é diplomata, foi líder do PSDB no Senado

Twitter: @ArturVirgilioAM

Apoio necessário

Política

Merval Pereira, O Globo

O movimento comandado pelo senador Pedro Simon, de apoio suprapartidário ao combate à corrupção no governo que a presidente Dilma vem realizando, é sintoma de uma situação política controversa de difícil solução. É inegável que a presidente tem encontrado na opinião pública uma receptividade grande a seus gestos, que parecem levar o governo para um confronto com a política fisiológica que dá sustentação à coalizão governamental.

Nem mesmo o fato de que ela foi beneficiária desse mesmo esquema para se eleger presidente da República parece afetar a credibilidade de sua ação.

Como se a população estivesse disposta a relevar seu conhecimento anterior da situação, e até mesmo sua convivência com esse mesmo esquema corrupto que ora parece rejeitar, desde que ela se disponha a acabar com ele.

Parece ser de entendimento público que a chefe da Casa Civil e depois candidata a presidente não poderia impedir que o ex-presidente Lula tratasse a pão de ló os mesmos políticos, mesmo que tenha sido eleita graças em boa medida à ação deles.

Ao mesmo tempo, e devido à percepção de que ela vem se comportando como uma traidora, a própria base aliada a vem pressionando para que retorne ao leito natural da política pragmática implementada por seu tutor, o ex-presidente Lula.

Foi por essa razão, aliás, que surgiu o movimento de apoio à presidente, para respaldá-la contra o que estaria se caracterizando como uma rebelião interna.

Mas esse apoio político, rejeitado pelo núcleo principal do PMDB e do PT, pode não ser de grande ajuda.

Na sessão de ontem, houve demonstrações das lideranças daqueles dois partidos de que o apoio ao combate à corrupção não é a prioridade deles, ao contrário do que parece ser para a sociedade.

Não é nada paradoxal que a presidente Dilma se fortaleça nas pesquisas de opinião com essa faxina ética, mas se enfraqueça dentro de sua própria base aliada.

Só demonstra a distância cada vez maior entre a sociedade e a classe política, diferença bem captada pelo marqueteiro João Santana, que parece ser o cérebro por trás dessa faxina ministerial.

Como não é uma política capaz de transformar em retórica de palanque essa força que a sociedade lhe dá, a presidente Dilma parece presa a uma armadilha que não tem saída fácil.

Embora tenha uma base política aliada que cobre cerca de 70% do Congresso, a presidente Dilma vem desagradando a seus apoiadores de tal maneira que hoje já não é possível saber a quantas anda sua base aliada real.

Por razões corretas, como a insatisfação com as grosserias presidenciais ou com sua maneira centralizadora de presidir a República, ou pelas piores razões, seus aliados estão hoje com o pé atrás em relação aos seus futuros políticos e não se entusiasmam muito com a perspectiva de ter Dilma como presidente em um segundo mandato.

Isso mal encerrada a metade do primeiro ano do primeiro mandato, o que é um péssimo sinal do que teremos pela frente.

Não chego a achar que ela virá a ter problemas para terminar seu mandato, como o ex-ministro José Dirceu andou comentando em rodas brasilienses — e depois desmentiu, como é próprio dos boquirrotos apanhados em indiscrições —, mas que terá dificuldades políticas no Congresso, isso terá.

Para a parte da base aliada que ainda faz política, a centralização das decisões não apenas retira poder de seus subordinados diretos, que não podem decidir com autonomia, como emperra a máquina pública.

Também a grosseria no trato pessoal ergue um muro que separa a presidente de seus assessores, tornando problemática a convivência no Palácio do Planalto.

Mas o mais grave, e nesse caso é preciso que a presidente tenha o apoio que ontem alguns senadores lhe ofereceram, é a reação contra a ação de limpeza que vem sendo feita, que fica assim limitada pelos interesses políticos que lhe tolhem os movimentos quando a faxina chega às portas do PMDB e do PT.

No caso do Ministério do Turismo, essa reação ganhou contornos de legalidade com a ação atrabiliária da Polícia Federal e, sobretudo, com o vazamento das fotos feitas pela Polícia Civil de Macapá.

Além de não haver razão para que os presos fossem fotografados sem camisa, as fotos foram tornadas públicas, numa ação de desmoralização que afronta os direitos individuais mesmo do maior ladrão.

Esses excessos só beneficiaram os presos, pois o foco da discussão passou a ser os abusos cometidos contra eles, e não os crimes de que são acusados.

Quando a presidente Dilma, com toda a razão, diz que a divulgação das fotos é “inaceitável”, ela parece para setores mais radicais estar defendendo os acusados, quando na verdade está defendendo o estado de direito.

“Tenho o dever de afirmar que farei tudo que estiver ao meu alcance para coibir abusos, excessos e afrontas à dignidade de qualquer cidadão que venha a ser investigado. O meu governo quer uma Justiça eficaz, célere, mas sóbria e democrática, senhora da razão e incontestável nas suas atitudes e providências”, ressaltou a presidente Dilma em uma declaração pública ontem que define bem sua posição.

Mas a inobservância desses princípios não pode ser pretexto para que as investigações não prossigam.

Apoio necessário

Política

Merval Pereira, O Globo

O movimento comandado pelo senador Pedro Simon, de apoio suprapartidário ao combate à corrupção no governo que a presidente Dilma vem realizando, é sintoma de uma situação política controversa de difícil solução. É inegável que a presidente tem encontrado na opinião pública uma receptividade grande a seus gestos, que parecem levar o governo para um confronto com a política fisiológica que dá sustentação à coalizão governamental.

Nem mesmo o fato de que ela foi beneficiária desse mesmo esquema para se eleger presidente da República parece afetar a credibilidade de sua ação.

Como se a população estivesse disposta a relevar seu conhecimento anterior da situação, e até mesmo sua convivência com esse mesmo esquema corrupto que ora parece rejeitar, desde que ela se disponha a acabar com ele.

Parece ser de entendimento público que a chefe da Casa Civil e depois candidata a presidente não poderia impedir que o ex-presidente Lula tratasse a pão de ló os mesmos políticos, mesmo que tenha sido eleita graças em boa medida à ação deles.

Ao mesmo tempo, e devido à percepção de que ela vem se comportando como uma traidora, a própria base aliada a vem pressionando para que retorne ao leito natural da política pragmática implementada por seu tutor, o ex-presidente Lula.

Foi por essa razão, aliás, que surgiu o movimento de apoio à presidente, para respaldá-la contra o que estaria se caracterizando como uma rebelião interna.

Mas esse apoio político, rejeitado pelo núcleo principal do PMDB e do PT, pode não ser de grande ajuda.

Na sessão de ontem, houve demonstrações das lideranças daqueles dois partidos de que o apoio ao combate à corrupção não é a prioridade deles, ao contrário do que parece ser para a sociedade.

Não é nada paradoxal que a presidente Dilma se fortaleça nas pesquisas de opinião com essa faxina ética, mas se enfraqueça dentro de sua própria base aliada.

Só demonstra a distância cada vez maior entre a sociedade e a classe política, diferença bem captada pelo marqueteiro João Santana, que parece ser o cérebro por trás dessa faxina ministerial.

Como não é uma política capaz de transformar em retórica de palanque essa força que a sociedade lhe dá, a presidente Dilma parece presa a uma armadilha que não tem saída fácil.

Embora tenha uma base política aliada que cobre cerca de 70% do Congresso, a presidente Dilma vem desagradando a seus apoiadores de tal maneira que hoje já não é possível saber a quantas anda sua base aliada real.

Por razões corretas, como a insatisfação com as grosserias presidenciais ou com sua maneira centralizadora de presidir a República, ou pelas piores razões, seus aliados estão hoje com o pé atrás em relação aos seus futuros políticos e não se entusiasmam muito com a perspectiva de ter Dilma como presidente em um segundo mandato.

Isso mal encerrada a metade do primeiro ano do primeiro mandato, o que é um péssimo sinal do que teremos pela frente.

Não chego a achar que ela virá a ter problemas para terminar seu mandato, como o ex-ministro José Dirceu andou comentando em rodas brasilienses — e depois desmentiu, como é próprio dos boquirrotos apanhados em indiscrições —, mas que terá dificuldades políticas no Congresso, isso terá.

Para a parte da base aliada que ainda faz política, a centralização das decisões não apenas retira poder de seus subordinados diretos, que não podem decidir com autonomia, como emperra a máquina pública.

Também a grosseria no trato pessoal ergue um muro que separa a presidente de seus assessores, tornando problemática a convivência no Palácio do Planalto.

Mas o mais grave, e nesse caso é preciso que a presidente tenha o apoio que ontem alguns senadores lhe ofereceram, é a reação contra a ação de limpeza que vem sendo feita, que fica assim limitada pelos interesses políticos que lhe tolhem os movimentos quando a faxina chega às portas do PMDB e do PT.

No caso do Ministério do Turismo, essa reação ganhou contornos de legalidade com a ação atrabiliária da Polícia Federal e, sobretudo, com o vazamento das fotos feitas pela Polícia Civil de Macapá.

Além de não haver razão para que os presos fossem fotografados sem camisa, as fotos foram tornadas públicas, numa ação de desmoralização que afronta os direitos individuais mesmo do maior ladrão.

Esses excessos só beneficiaram os presos, pois o foco da discussão passou a ser os abusos cometidos contra eles, e não os crimes de que são acusados.

Quando a presidente Dilma, com toda a razão, diz que a divulgação das fotos é “inaceitável”, ela parece para setores mais radicais estar defendendo os acusados, quando na verdade está defendendo o estado de direito.

“Tenho o dever de afirmar que farei tudo que estiver ao meu alcance para coibir abusos, excessos e afrontas à dignidade de qualquer cidadão que venha a ser investigado. O meu governo quer uma Justiça eficaz, célere, mas sóbria e democrática, senhora da razão e incontestável nas suas atitudes e providências”, ressaltou a presidente Dilma em uma declaração pública ontem que define bem sua posição.

Mas a inobservância desses princípios não pode ser pretexto para que as investigações não prossigam.


Olha a Dilma aí rapaz!

Dona Dilma tomou aquela que pode ser a mais importante decisão dos seus primeiros sete meses de governo. Acabou com uma das mais marcantes características dos oito anos de seu antecessor, aquela em que o presidente da República e demais figurões do poder evitavam apurar denúncias de corrupção e roubalheira na administração pública dizendo que não sabiam de nada. Agora todo mundo tem que saber e ver o que está acontecendo no seu terreiro. Não é possível que um ministro com oito anos de tarimba no cargo não soubesse de nada do que ocorria no universo da roubalheira em sua pasta, como no caso dos Transportes.

Nem nos escândalos na área do Petróleo e tantos outros que contamina o organismo da pública administração nacional. É verdade que, no governo anterior, ministros e outros dirigentes podiam fingir que não viam nada, não ouviam nada e por isso não faziam nada contra o saque dos dinheiros públicos. Seguiam apenas o exemplo do chefe, o presidente da República, que jamais demitiu um auxiliar envolvido em casos de corrupção e até pedia desculpas a eles, quando saíam. Os brasileiros podem começar a ter alguma esperança de que o governo de Dilma Rousseff, se não passar à história por obras monumentais ganhará lugar de destaque nela como o marco inicial da recuperação dos padrões morais e éticos dos brasileiros. Não basta ao homem público não roubar, mas também não deixar roubar. O caso do Ministério dos Transportes pode ser o início de uma nova era no Brasil. O que significa que a coisa não pode parar por aí. Há muito a fazer. Apenas as demissões não bastam. É preciso punir. Não precisa cortar a mão do ladrão, como fazem os muçulmanos, nem dar um tiro na nuca, como os chineses. Basta botar na cadeia os larápios e tomar de volta o que eles carregaram.

Mas a presidente sabe muito bem que nada disso poderá ser feito sem uma ampla reforma na nossa legislação penal e processual penal e alterações na própria Constituição para retirar delas os escudos legais que dão sustentação e incentivo ao crime no País pela garantia da impunidade. E com os aliados que tem por aí – os 300 de Lula no meio – isso será muito difícil. É bom frisar que para fazer isso a presidente precisa do apoio dos cidadãos de bem deste País. Que bem podem começar a mostrar isso nas eleições do próximo ano, demitindo da vida pública os maus políticos que se encastelam em muitas das nossas câmaras municipais e prefeituras por todo País.

Da coluna do Rangel Cavalcante no DN


Olha a Dilma aí rapaz!

Dona Dilma tomou aquela que pode ser a mais importante decisão dos seus primeiros sete meses de governo. Acabou com uma das mais marcantes características dos oito anos de seu antecessor, aquela em que o presidente da República e demais figurões do poder evitavam apurar denúncias de corrupção e roubalheira na administração pública dizendo que não sabiam de nada. Agora todo mundo tem que saber e ver o que está acontecendo no seu terreiro. Não é possível que um ministro com oito anos de tarimba no cargo não soubesse de nada do que ocorria no universo da roubalheira em sua pasta, como no caso dos Transportes.

Nem nos escândalos na área do Petróleo e tantos outros que contamina o organismo da pública administração nacional. É verdade que, no governo anterior, ministros e outros dirigentes podiam fingir que não viam nada, não ouviam nada e por isso não faziam nada contra o saque dos dinheiros públicos. Seguiam apenas o exemplo do chefe, o presidente da República, que jamais demitiu um auxiliar envolvido em casos de corrupção e até pedia desculpas a eles, quando saíam. Os brasileiros podem começar a ter alguma esperança de que o governo de Dilma Rousseff, se não passar à história por obras monumentais ganhará lugar de destaque nela como o marco inicial da recuperação dos padrões morais e éticos dos brasileiros. Não basta ao homem público não roubar, mas também não deixar roubar. O caso do Ministério dos Transportes pode ser o início de uma nova era no Brasil. O que significa que a coisa não pode parar por aí. Há muito a fazer. Apenas as demissões não bastam. É preciso punir. Não precisa cortar a mão do ladrão, como fazem os muçulmanos, nem dar um tiro na nuca, como os chineses. Basta botar na cadeia os larápios e tomar de volta o que eles carregaram.

Mas a presidente sabe muito bem que nada disso poderá ser feito sem uma ampla reforma na nossa legislação penal e processual penal e alterações na própria Constituição para retirar delas os escudos legais que dão sustentação e incentivo ao crime no País pela garantia da impunidade. E com os aliados que tem por aí – os 300 de Lula no meio – isso será muito difícil. É bom frisar que para fazer isso a presidente precisa do apoio dos cidadãos de bem deste País. Que bem podem começar a mostrar isso nas eleições do próximo ano, demitindo da vida pública os maus políticos que se encastelam em muitas das nossas câmaras municipais e prefeituras por todo País.

Da coluna do Rangel Cavalcante no DN