Arquivo mensal: setembro 2011

Edil em ebulição


Com a proximidade de 2012,e com o lançamento da candidatura por parte do Prefeito Marcão, o clima político em Ibiapina está em ebulição. Quem acompanha as sessões da Câmara Municipal, seja através da rádio Compasso, seja ao vivo do plenário, tem visto o empenho descomunal de vereadores da oposição em cumprir o seu papel, ou seja, de fazer oposição. Até aí tudo bem. Acontece é que, nunca na história da CMI,se viu tamanha sanha no intento. O que nos torna desconfiados é quanto a intenção. Sem querer aqui tergiversar, nos parece mais uma forma de desmoralizar a adminitração municipal visando exatamento 2012 e aniquilar de vez com as chances de Marcão. Se obterão sucesso ou não é uma outra história. Sem querer entrar no mérito de cada denúncia, se ela procede ou é falaciosa, o fato é que esperamos ter-se inaugurado um novo tempo e que esse “espírito” que baixou nos vereadores,(numa porção maior, no vereador Zé Aguiar), venha a perdurar e permaneça por muito tempo, em detrimento “do quanto pior melhor” que perdura até hoje.

Edil em ebulição


Com a proximidade de 2012,e com o lançamento da candidatura por parte do Prefeito Marcão, o clima político em Ibiapina está em ebulição. Quem acompanha as sessões da Câmara Municipal, seja através da rádio Compasso, seja ao vivo do plenário, tem visto o empenho descomunal de vereadores da oposição em cumprir o seu papel, ou seja, de fazer oposição. Até aí tudo bem. Acontece é que, nunca na história da CMI,se viu tamanha sanha no intento. O que nos torna desconfiados é quanto a intenção. Sem querer aqui tergiversar, nos parece mais uma forma de desmoralizar a adminitração municipal visando exatamento 2012 e aniquilar de vez com as chances de Marcão. Se obterão sucesso ou não é uma outra história. Sem querer entrar no mérito de cada denúncia, se ela procede ou é falaciosa, o fato é que esperamos ter-se inaugurado um novo tempo e que esse “espírito” que baixou nos vereadores,(numa porção maior, no vereador Zé Aguiar), venha a perdurar e permaneça por muito tempo, em detrimento “do quanto pior melhor” que perdura até hoje.

Prioridades

Política
Merval Pereira, O Globo

Enquanto o debate sobre a necessidade ou não da criação de um novo imposto para financiar o sistema de Saúde do país vai se desenrolando, vai ficando cada vez mais evidente que se está discutindo uma questão de escolha, de prioridades. Os dados mostram que o governo, de uns anos para cá, reduziu o que gastava com a Saúde e aumentou a verba para os programas assistencialistas.

Ora, o governo define suas prioridades no Orçamento da União que envia para o Congresso todos os anos, e se for aprovada a decisão de gastar 10% na Saúde, como define o texto original da Emenda 29, terá que redistribuir as verbas.

A presidente Dilma não gostou da declaração da ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais — que é quem, em última análise, terá que negociar com os partidos a eventual criação do novo imposto —, dando como certa a sua criação.

Embora a declaração reflita o que o governo pensa, os articuladores palacianos acham que a ministra não deveria ter sido tão explícita com tanta antecedência, pois provocará reações.

O próprio presidente da Câmara, deputado petista Marco Maia, já declarou que não vê nenhuma chance de ser aprovado um novo imposto este ano e muito menos no ano que vem, quando serão realizadas as eleições municipais.

A tese dos governistas a favor de mais um imposto é que a Saúde surgirá como a prioridade dos eleitores, o que facilitaria a aprovação no Congresso.

Mas nada indica que quando o povo diz que a Saúde merece mais atenção do governo, esteja dando um aval ao aumento de impostos. Está apenas dizendo que o governo tem que rever suas prioridades.

Prioridades

Política
Merval Pereira, O Globo

Enquanto o debate sobre a necessidade ou não da criação de um novo imposto para financiar o sistema de Saúde do país vai se desenrolando, vai ficando cada vez mais evidente que se está discutindo uma questão de escolha, de prioridades. Os dados mostram que o governo, de uns anos para cá, reduziu o que gastava com a Saúde e aumentou a verba para os programas assistencialistas.

Ora, o governo define suas prioridades no Orçamento da União que envia para o Congresso todos os anos, e se for aprovada a decisão de gastar 10% na Saúde, como define o texto original da Emenda 29, terá que redistribuir as verbas.

A presidente Dilma não gostou da declaração da ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais — que é quem, em última análise, terá que negociar com os partidos a eventual criação do novo imposto —, dando como certa a sua criação.

Embora a declaração reflita o que o governo pensa, os articuladores palacianos acham que a ministra não deveria ter sido tão explícita com tanta antecedência, pois provocará reações.

O próprio presidente da Câmara, deputado petista Marco Maia, já declarou que não vê nenhuma chance de ser aprovado um novo imposto este ano e muito menos no ano que vem, quando serão realizadas as eleições municipais.

A tese dos governistas a favor de mais um imposto é que a Saúde surgirá como a prioridade dos eleitores, o que facilitaria a aprovação no Congresso.

Mas nada indica que quando o povo diz que a Saúde merece mais atenção do governo, esteja dando um aval ao aumento de impostos. Está apenas dizendo que o governo tem que rever suas prioridades.

Lula sem compostura


Política

Mal conheço a deputada Ana Arraes. Fui muito amigo de seu pai, o saudoso governador Miguel Arraes de Alencar, de Pernambuco, meu colega de Câmara na legislatura de 1983 a 1986. E me considero amigo pessoal de seu filho, o hoje governador Eduardo Campos. Este, aliás, sabe sobejamente que fui leal a ele num momento em que a lealdade era artigo apreciável.

Discordo, porém, da indicação de sua mãe, a deputada, para o Tribunal de Contas da União. Afinal, estarão em causa convênios federais com Pernambuco e, mesmo se declarando impedida de atuar nesses processos, sua presença pairará sobre a Casa, de certa forma constrangendo seus novos pares.

Pensei muito antes de emitir esta opinião. Muito mais cômodo não fazê-lo, neste país que premia a omissão e valoriza as relações pessoais mais que certos princípios que deveriam ser pétreos na vida pública. Mas o comentário já está feito e dele não me arrependo de jeito nenhum.

Nessa “campanha” para o TCU, triste mesmo foi o papel do ex-presidente Lula, que fez campanha aberta pela candidata vitoriosa, a despeito de a boa postura recomendar, a quem já governou o Brasil, distância de embates assim. Claro que não me preocupo se ele se desgastou ou não com seu ex-ministro Aldo Rebelo, alias fiel amigo de Eduardo Campos. Interessa-me é anotar que estamos diante de um homem que perdeu inteiramente a noção dos limites.

Acha normal fazer palestras milionárias sempre para os mesmos “patrocinadores”, invariavelmente empresas que se beneficiaram de sua gestão e atualmente se valem de seu prestígio junto a Dilma Rousseff. Usa o jatinho da Camargo Correia, até para viagens internacionais, como se estivesse pegando carona no fusca de um vizinho.

Tudo para ele é “normal”. Nada o trava. Mais um pouco e começará a andar nu, aplaudido pelo séquito de acólitos que, vendo-o em campanha aberta pelo Planalto, supõem que a eleição já está decidida, ainda que o eleitorado não tenha sido consultado. Ainda que não seja hora de consultar eleitorado nenhum. Ainda que Lula tenha pela frente o “pequeno” problema de dizer a Dilma que ela não terá direito a disputar a reeleição.

Para o Brasil, a melhor coisa será que Lula vire passado de uma vez por todas. As novas gerações agradecerão um dia, se for assim.

Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado

Cascos duros (Editorial)

Política
O Estado de S.Paulo

O Brasil andou. A presidente Dilma Rousseff fez menos do que a sociedade anseia em matéria de combate à corrupção. Mas talvez tenha feito o possível, até aqui, dentro das herdadas condições em que lhe é dado governar. Ela exerce o poder dependendo de uma cáfila de políticos a quem o então presidente Lula ensinou que tudo lhes será perdoado desde que não criem problemas para a “governabilidade” do País.

De todo modo, apesar das limitações com as quais lida pelo método do ensaio-e-erro, e ao contrário do seu patrono, soa convincente quando louva a ética pública e reitera de que lado está entre o vício e a virtude.

Por uma dessas coincidências a que se deve ser grato, porque lançou um súbito facho de luz sobre o contraste entre a mentalidade que reinava até há pouco no coração do governo e a que tenta se afirmar, quanto mais não seja pela força da palavra, Dilma e Lula falaram de corrupção no mesmo dia, anteontem, em locais e circunstâncias tão diferentes como os dizeres de cada qual.

No hotel Waldorf Astoria, em Nova York, perante dignitários de 46 países, a começar do americano Barack Obama, ela foi uma das oradoras da sessão inaugural da organização. Parceria para o Governo Aberto, da qual o Brasil é um dos codirigentes. A entidade incentiva o livre fluxo da informação oficial a fim de promover a participação das sociedades nas decisões do Estado e a vigilância sobre a conduta das autoridades.

Nesse cenário, a presidente brasileira deu o seu recado não propriamente aos grandes deste mundo, mas aos residentes do mundo político brasileiro, cuja integridade não raro é inversamente proporcional ao tamanho de sua propensão para a falcatrua e de suas expectativas de impunidade.

Daí ela ter renovado a advertência que ecoou bem à época, mas os fatos subsequentes (e a licenciosa lição do passado) ameaçaram desmoralizar: “Fui muito clara desde o meu discurso de posse, em janeiro, quando afirmei que meu governo não terá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito”.

Foi também para o Brasil, em especial para as pulsões liberticidas que costumam irromper no PT, o estudado elogio à “posição vigilante da imprensa brasileira, não submetida a qualquer constrangimento governamental”.

Pano rápido para outra cena.

Em Salvador, onde recebeu um título de doutor honoris causa da Universidade Federal da Bahia, Lula deu uma aula sobre o que os errados, desviantes e malfeitores devem ser – e o que não devem fazer – quando os seus atos são trazidos à tona.

Reza o manual lulista de resistência à faxina que “político tem que ter casco duro”. Quando acusado de fazer coisa errada, “não pode tremer”. Se não enfrentar a briga, ensinou, “acaba saindo mesmo”.

Lula sem compostura


Política

Mal conheço a deputada Ana Arraes. Fui muito amigo de seu pai, o saudoso governador Miguel Arraes de Alencar, de Pernambuco, meu colega de Câmara na legislatura de 1983 a 1986. E me considero amigo pessoal de seu filho, o hoje governador Eduardo Campos. Este, aliás, sabe sobejamente que fui leal a ele num momento em que a lealdade era artigo apreciável.

Discordo, porém, da indicação de sua mãe, a deputada, para o Tribunal de Contas da União. Afinal, estarão em causa convênios federais com Pernambuco e, mesmo se declarando impedida de atuar nesses processos, sua presença pairará sobre a Casa, de certa forma constrangendo seus novos pares.

Pensei muito antes de emitir esta opinião. Muito mais cômodo não fazê-lo, neste país que premia a omissão e valoriza as relações pessoais mais que certos princípios que deveriam ser pétreos na vida pública. Mas o comentário já está feito e dele não me arrependo de jeito nenhum.

Nessa “campanha” para o TCU, triste mesmo foi o papel do ex-presidente Lula, que fez campanha aberta pela candidata vitoriosa, a despeito de a boa postura recomendar, a quem já governou o Brasil, distância de embates assim. Claro que não me preocupo se ele se desgastou ou não com seu ex-ministro Aldo Rebelo, alias fiel amigo de Eduardo Campos. Interessa-me é anotar que estamos diante de um homem que perdeu inteiramente a noção dos limites.

Acha normal fazer palestras milionárias sempre para os mesmos “patrocinadores”, invariavelmente empresas que se beneficiaram de sua gestão e atualmente se valem de seu prestígio junto a Dilma Rousseff. Usa o jatinho da Camargo Correia, até para viagens internacionais, como se estivesse pegando carona no fusca de um vizinho.

Tudo para ele é “normal”. Nada o trava. Mais um pouco e começará a andar nu, aplaudido pelo séquito de acólitos que, vendo-o em campanha aberta pelo Planalto, supõem que a eleição já está decidida, ainda que o eleitorado não tenha sido consultado. Ainda que não seja hora de consultar eleitorado nenhum. Ainda que Lula tenha pela frente o “pequeno” problema de dizer a Dilma que ela não terá direito a disputar a reeleição.

Para o Brasil, a melhor coisa será que Lula vire passado de uma vez por todas. As novas gerações agradecerão um dia, se for assim.

Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado

Cascos duros (Editorial)

Política
O Estado de S.Paulo

O Brasil andou. A presidente Dilma Rousseff fez menos do que a sociedade anseia em matéria de combate à corrupção. Mas talvez tenha feito o possível, até aqui, dentro das herdadas condições em que lhe é dado governar. Ela exerce o poder dependendo de uma cáfila de políticos a quem o então presidente Lula ensinou que tudo lhes será perdoado desde que não criem problemas para a “governabilidade” do País.

De todo modo, apesar das limitações com as quais lida pelo método do ensaio-e-erro, e ao contrário do seu patrono, soa convincente quando louva a ética pública e reitera de que lado está entre o vício e a virtude.

Por uma dessas coincidências a que se deve ser grato, porque lançou um súbito facho de luz sobre o contraste entre a mentalidade que reinava até há pouco no coração do governo e a que tenta se afirmar, quanto mais não seja pela força da palavra, Dilma e Lula falaram de corrupção no mesmo dia, anteontem, em locais e circunstâncias tão diferentes como os dizeres de cada qual.

No hotel Waldorf Astoria, em Nova York, perante dignitários de 46 países, a começar do americano Barack Obama, ela foi uma das oradoras da sessão inaugural da organização. Parceria para o Governo Aberto, da qual o Brasil é um dos codirigentes. A entidade incentiva o livre fluxo da informação oficial a fim de promover a participação das sociedades nas decisões do Estado e a vigilância sobre a conduta das autoridades.

Nesse cenário, a presidente brasileira deu o seu recado não propriamente aos grandes deste mundo, mas aos residentes do mundo político brasileiro, cuja integridade não raro é inversamente proporcional ao tamanho de sua propensão para a falcatrua e de suas expectativas de impunidade.

Daí ela ter renovado a advertência que ecoou bem à época, mas os fatos subsequentes (e a licenciosa lição do passado) ameaçaram desmoralizar: “Fui muito clara desde o meu discurso de posse, em janeiro, quando afirmei que meu governo não terá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito”.

Foi também para o Brasil, em especial para as pulsões liberticidas que costumam irromper no PT, o estudado elogio à “posição vigilante da imprensa brasileira, não submetida a qualquer constrangimento governamental”.

Pano rápido para outra cena.

Em Salvador, onde recebeu um título de doutor honoris causa da Universidade Federal da Bahia, Lula deu uma aula sobre o que os errados, desviantes e malfeitores devem ser – e o que não devem fazer – quando os seus atos são trazidos à tona.

Reza o manual lulista de resistência à faxina que “político tem que ter casco duro”. Quando acusado de fazer coisa errada, “não pode tremer”. Se não enfrentar a briga, ensinou, “acaba saindo mesmo”.

A que chegamos


Nunca na história deste País se viu um espetáculo parecido. No palco florido, o ex-deputado José Dirceu foi aplaudido por uma multidão de companheiros, todos de pé, na sessão de abertura do Congresso do Partido dos Trabalhadores. Lá estavam, batendo palmas, as mais importantes figuras do governo. A presidente da República, o ex-presidente Lula, ministros, dirigentes de empresas, governadores, senadores, deputados, todo mundo rendendo homenagens a um cidadão que teve o mandato cassado, os direitos políticos suspensos e responde a processo no Supremo Tribunal Federal como chefe de um dos maiores escândalos de corrupção já vistos no País, o do “mensalão”.

Denunciado como “chefe de uma organização criminosa sofisticada” pelo Procurador-Geral da República, Dirceu já decidiu que será absolvido pela Justiça. E tranquilamente esbanja demonstrações de que é hoje um dos homens mais poderosos da República.

A consagração ao chefe do mensalão demonstra mais uma vez que chegamos ao fundo do poço em matéria de moralidade, consagrando, graças à apatia dos cidadãos brasileiros, a delinquência e a corrupção como virtudes. Dirceu é o homem mais poderoso do governo. Manda e desmanda. Vejam que um governador, um senador e até um ministro leva meses para conseguir uma audiência com o presidente da Petrobras. Mas o senhor Gabrieli vai ao quarto de Dirceu num hotel de Brasília para render-lhe vassalagem. Foi convocado ou pediu audiência?

O brasileiro não tem mais vergonha de ser honesto, pois nem sabe o que é isso. Os nossos ídolos são hoje gente como Zé Dirceu, Renan Calheiros, Romero Jucá, Jáder Barbalho, Fernando Collor, João Paulo Cunha e tantos outros que fazem o que querem com o Brasil. A quase beatificação de Dirceu coincide com dois outros fatos consagradores para a corrupção nacional: a absolvição da deputada Jaqueline Roriz, flagrada recebendo propina do esquema de corrupção do governo José Roberto Arruda, e a festa dos 80 anos do deputado Paulo Maluf, que reuniu desde o governador de São Paulo aos mais destacados nomes da política nacional.

Uma festa que só não foi realizada em Paris porque o aniversariante vai para a cadeia se botar os pés fora da Pindorama. É assim que chegamos ao fundo do poço. Tendo como um dos maiores líderes nacionais o chefe de uma quadrilha que, segundo ele próprio, começou a brilhante carreira como coroinha, roubando hóstias da igreja para comer.

por Rangel Cavalcante do DN

A que chegamos


Nunca na história deste País se viu um espetáculo parecido. No palco florido, o ex-deputado José Dirceu foi aplaudido por uma multidão de companheiros, todos de pé, na sessão de abertura do Congresso do Partido dos Trabalhadores. Lá estavam, batendo palmas, as mais importantes figuras do governo. A presidente da República, o ex-presidente Lula, ministros, dirigentes de empresas, governadores, senadores, deputados, todo mundo rendendo homenagens a um cidadão que teve o mandato cassado, os direitos políticos suspensos e responde a processo no Supremo Tribunal Federal como chefe de um dos maiores escândalos de corrupção já vistos no País, o do “mensalão”.

Denunciado como “chefe de uma organização criminosa sofisticada” pelo Procurador-Geral da República, Dirceu já decidiu que será absolvido pela Justiça. E tranquilamente esbanja demonstrações de que é hoje um dos homens mais poderosos da República.

A consagração ao chefe do mensalão demonstra mais uma vez que chegamos ao fundo do poço em matéria de moralidade, consagrando, graças à apatia dos cidadãos brasileiros, a delinquência e a corrupção como virtudes. Dirceu é o homem mais poderoso do governo. Manda e desmanda. Vejam que um governador, um senador e até um ministro leva meses para conseguir uma audiência com o presidente da Petrobras. Mas o senhor Gabrieli vai ao quarto de Dirceu num hotel de Brasília para render-lhe vassalagem. Foi convocado ou pediu audiência?

O brasileiro não tem mais vergonha de ser honesto, pois nem sabe o que é isso. Os nossos ídolos são hoje gente como Zé Dirceu, Renan Calheiros, Romero Jucá, Jáder Barbalho, Fernando Collor, João Paulo Cunha e tantos outros que fazem o que querem com o Brasil. A quase beatificação de Dirceu coincide com dois outros fatos consagradores para a corrupção nacional: a absolvição da deputada Jaqueline Roriz, flagrada recebendo propina do esquema de corrupção do governo José Roberto Arruda, e a festa dos 80 anos do deputado Paulo Maluf, que reuniu desde o governador de São Paulo aos mais destacados nomes da política nacional.

Uma festa que só não foi realizada em Paris porque o aniversariante vai para a cadeia se botar os pés fora da Pindorama. É assim que chegamos ao fundo do poço. Tendo como um dos maiores líderes nacionais o chefe de uma quadrilha que, segundo ele próprio, começou a brilhante carreira como coroinha, roubando hóstias da igreja para comer.

por Rangel Cavalcante do DN