Arquivo mensal: outubro 2012

Respondendo ao leitor.

Meu grande amigo elias freitas tudo bem com você e família? Eu queria lhi fazer uma pergunta e sei da sua competencia para mim responde meu prezado amigo e jornalista elias freitas sabemos que a marta será a prefeita de ibiapina em 2013 e qual será a função do dr orismar dentro daquele hospital e isso dentro da lei pode? Não e nepotismo? Espero resposta e boa tarde elias.

Prezado Carlos Antonio, obrigado pela gentileza das palavras dirigidas a mim. 
Respondendo a sua pergunta, o problema não é o nepotismo, até porque ele possivelmente assumiria um cargo de confiança e esses cargos são de livre nomeação do gestor, que geralmente coloca familiares por, em tese, serem de sua confiança.  Entendo que Dr. Orismar não poderá, formalmente, ou seja, dentro da lei, exercer nenhum cargo público. O motivo, ter tido suas contas desaprovadas e ter sido considerado improbo. A Lei nesses casos estipula uma pena de oito anos longe de cargos públicos. Foi exatamente por isso que não pode ser candidado e colocou sua esposa
 No entanto, nada o impedirá de auxiliar administrativamente a sua esposa prefeita, e acredito que com certeza o fará,  mas não poderá receber nenhum salário da prefeitura para isso, ou seja, o nome dele não poderá constar na folha de pagamento da prefeitura. Se isso acontecer, Dr. Orismar e D. Martar estarão descumprindo a lei e sofrerão as sanções cabíveis.
Espero ter respondido a sua pergunta.
Abraços.

Brasil rico, Brasil pobre

O aumento da renda nos últimos dez anos proporcionou uma notável melhora no padrão de vida da maioria das famílias brasileiras, aproximando-o de indicadores de países desenvolvidos, se o que se leva em conta é a aquisição de bens de consumo.

No entanto, como mostrou o jornal Valor (21/10), se o critério for o fornecimento de serviços públicos básicos, pelos quais o Estado é diretamente responsável, uma boa parte desses mesmos cidadãos ainda convive com situações típicas dos países mais pobres do mundo. Ou seja: quando depende da renda das famílias, o avanço dos brasileiros na direção do mundo do conforto é significativo; no entanto, quando há necessidade de investimentos estatais, as demandas mais óbvias de grande parte da população ainda estão muito longe de serem satisfeitas.

O Brasil é hoje o oitavo maior mercado consumidor do mundo, segundo o Fórum Econômico Mundial. Desde 2001, saltou de 85,1% para 96,3% o total de domicílios que dispõem de geladeiras. No caso dos televisores, o índice passou de 89% para 97,2%, e no de máquinas de lavar, de 33,6% para 51,6%. Quase 100% das casas agora têm fogão, e o número de residência com computador ligado à internet quadruplicou, chegando a 37,1%. Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), esses dados têm relação direta com a redução da desigualdade de renda verificada no período. Houve expansão de 16% do rendimento médio real do trabalho entre 2001 e 2011, e esse crescimento foi mais acentuado entre os 50% mais pobres da população. Estudo da Fundação Getúlio Vargas indica que o ganho nessa faixa foi de 68% acima da inflação. Além disso, o total de trabalhadores com carteira assinada cresceu 48,1% entre 2003 e 2011.

Ao mesmo tempo, a oferta de crédito, capitaneada por bancos oficiais, passou de 25% para 51% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2002 e agosto passado, o que, ao lado do abatimento de impostos para reduzir os preços, também ajuda a explicar o aumento substancial da aquisição de bens duráveis. Com relativa estabilidade de emprego e de ganhos salariais, aliada ao crédito fácil e aos incentivos estatais, os brasileiros foram às compras.

No entanto, muitos desses consumidores da “nova classe média”, que passaram a assistir a seus programas favoritos em modernas TVs de tela plana, são os mesmos que topam com lixo na porta de casa, que enfrentam esgoto a céu aberto e que não têm escola com qualidade ao menos razoável para seus filhos.

O IBGE mostra que cerca de 40% das residências brasileiras não dispõem de abastecimento de água e coleta de esgoto. A comparação com os países ricos é dramática: nos Estados Unidos, segundo o Valor, apenas 0,6% das casas não tinham água encanada e vaso sanitário com descarga em 2011. Ainda segundo o IBGE, 11% das casas brasileiras não têm nenhum tipo de saneamento básico e 5% convivem com lixo acumulado. E 40% dos logradouros não têm nenhuma identificação, de modo que seus habitantes não sabem dizer exatamente onde moram. O quadro é igualmente sombrio na educação. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de 2011 mostra que, no ensino médio, a maioria dos alunos não sabe ir além das quatro operações aritméticas nem consegue ler e escrever de modo satisfatório.

Tudo isso se reflete na capacidade do Brasil de competir por mercados. O último ranking do Fórum Econômico Mundial sobre o tema indica que o País, embora tenha subido cinco posições, para o 48.º lugar, ainda marca passo em indicadores-chave. No item “saúde e educação básica”, por exemplo, o Brasil figura em 88.º lugar entre 144 países, perdendo 9 posições desde 2009.

Como se observa, lentamente estamos deixando de ser a “Belíndia”, à qual se referiu o economista Edmar Bacha, em 1974, para designar a concentração de renda que gerou o abismo entre o minúsculo Brasil rico, isto é, a “Bélgica”, e o enorme Brasil pobre, a “Índia”. Agora, o País está mais para um “Engana”, apelido dado recentemente pelo ex-ministro Delfim Netto para designar esse festejado Brasil que tem renda da Inglaterra (England), mas que ainda dispõe de serviços públicos de Gana.

Curral eleitoral, o caso Rodrigo Mello.

Curral

Era o recinto destinado a hospedar, alimentar e recrear o eleitorado do campo (Zona Rural). 

Lá, o eleitor, chamado ‘de cabresto’, era mantido incomunicável até a hora da votação, com o objetivo de impedir influências da oposição. Os partidos, com o pretexto de prestar assistência aos eleitores, faziam manobras para impor-lhes o uso de determinada cédula. 

Dessa forma, a cédula que contém o voto do eleitor não poderia ser trocada, e o voto estaria garantido. Foi somente em 1955 que uma alteração no Código Eleitoral vedou a fraude e o assédio de eleitores, bem como o fornecimento de alimento e transporte. 

Os currais, também chamados de quartéis ou viveiros, remetem ao ovile, em latim, curral de ovelhas, ou saepta, recinto fechado onde cidadãos da Roma antiga votavam.

Pois bem, em Ibiapina os ditos currais exitem, embora com outra conotação. Aqui, curral é sinônimo de reduto eleitoral do candidato. Geralmente, comunidades organizadas onde exite uma pessoa que exerce uma certa liderança no lugar e então agencía as transações com o(s) candidato(s), em troca de apoio político.

Tenho visto aqui no Blog levantar-se uma polêmica em torno do nome do vereador eleito Rodrigo Mello. Nome até então desconhecido pela grande maioria dos ibiapinenses, Rodrigo Mello obteve uma votação expressiva (para um desconhecido), de 412 votos em detrimento de outros candidatos, como por exemplo: Juscier, João Neto, Zacarias e Netão, que jã são populares e não obtiveram exito.
O desconhecido, pelo que se ouve falar, conseguir eleger-se com a força de uma comunidade que, até onde me consta, não possuia nenhum representante, ou pulverizava seus votos. Para isso aproveitou-se da situação, e articulou com “as Pimentas”, sua represtação, o que nos leva a crer é que, embora para nós outros, ele é desconhecido, para esta Comunidade, nos parece que não, do contrário, por quê o elegeu?

O fato é que, embora pouco se saiba sobre esse cidadão, a não ser o que já foi divulgado pela Justiça Eleitoral, Rodrigo não só representará a comunidade de Pimentas, como também a todos nós, quer queiramos ou não. 
Se fará uma boa legislatura… É outro questionamento que não quer calar, como bem se lêr aqui no Blog. A resposta, só teremos como o tempo.
A demais, Rodrigo começa sua trajetória política sob críticas e fortes expectativas sobre sua atuação, como também, quebrando um tabu sobre curral eleitoral onde, o que se conhecia em Ibiapina sobre o tema era que o candidato para exercer essa influência tem que morar no lugar e/ou já ganhar a simpatia dos conterrâneos por anos a fio, além de os manter sob certa vigilância a prestando-lhes “serviços” ou deserviços, para que outros não lhes tomem os votos.
Ao noviço representante das Pimentas, os votos de que faça a diferença e não seja um pouco mais dos mesmos.

STF já condenou Marcos Valério a onze anos de prisão

O publicitário Marcos Valério, considerado o principal articulador do esquema conhecido como mensalão, foi condenado a onze anos de prisão, até o momento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros começaram nesta tarde a fixar as penas da Ação Penal 470 e decidiram iniciar com a análise da situação do empresário, que também foi condenado a pagar multa de R$ 432 mil até agora.
 
Os ministros decidiram fazer o julgamento por grupos temáticos, começando pelo núcleo publicitário. Dentro de cada núcleo, o relator, ministro Joaquim Barbosa, escolherá um réu e apresentará cada crime que ele responde. 
A cada crime, uma rodada de votação é aberta, excluídos os ministros que votaram pela absolvição no respectivo caso. 
Com a metodologia, a Corte está definindo o destino do réu em relação a cada crime levantado.
Barbosa está apresentando os crimes segundo a ordem dos capítulos da denúncia do Ministério Público Federal (MPF). No Capítulo 2, Valério foi condenado por formação de quadrilha, e a Corte já definiu pena de dois anos e 11 meses de prisão para o publicitário. No Capítulo 3, que trata de desvio de dinheiro público na Câmara dos Deputados e no Banco do Brasil, Valério responde por duas corrupções ativas e três peculatos.
 
Valério já foi condenado a quatro anos e um mês de reclusão e R$ 432 mil de multa na corrupção relativa ao então presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha (PT-SP). O julgamento foi suspenso durante a análise do caso de peculato envolvendo licitação vencida pela SMP&B no Legislativo. Barbosa propôs pena de quatro anos e oito meses de reclusão e multa de R$ 546 mil, mas a punição ainda não foi referendada pelo colegiado.
 
A discussão das penas está evidenciando a dificuldade dessa fase técnica do julgamento até mesmo para os integrantes da Corte, que fazem correções a todo momento. Os ministros que não deveriam votar nos casos em que absolveram réus também estão fazendo apartes com ponderações e comentários sobre o voto dos colegas, o que está causando contrariedade ao relator Joaquim Barbosa.
 
Confira placar das penas já fixadas para o réu Marcos Valério (publicitário):
Capítulo 2 – Formação de quadrilha
Pena por formação de quadrilha: dois anos e11 meses reclusão
Capítulo 3 – Desvio de dinheiro público
1) Câmara dos Deputados
a) corrupção ativa (referente ao pagamento de R$ 50 mil para favorecimento da SMP&B): quatro anos e um mês de reclusão + 180 dias-multa, o equivalente a R$ 432 mil

Meu herói, o Vaqueiro!


No sertão, terra mais bela

no nordeste brasileiro,
eu gosto de ver vaqueiro,
passando abrindo cancela,
escanchado numa sela
em cima dum alazão,

de perneira e de gibão,
de espora e para-peito.
O vaqueiro foi eleito
o grande herói do Sertão.

O vaqueiro se destaca

na luta que se revela,
seu sofá é uma sela,
sua arma é uma faca,
de tirar leite de vaca,
pra encher um caldeirão,
pode olhar na sua mão,
já tem a marca do peito.
O vaqueiro foi eleito
o grande herói do sertão.
Em meio a total diversidade, numa região totalmente inóspita, esse homem se destaca pela bravura, pelo destemor, pela vontade de sobreviver.
Na minha modesta opinião não há ser mais corajoso. 
Quem conhece a lida diária do vaqueiro, sabe do que estou falando. É só olhar o semblante sofrido, as mãos calejadas, o rosto queimado pelo Sol escaldante. 
Corre atrás de um boi brabo dentro do mato denso de espinhos, tendo como companheiro somente o seu cavalo, seu amigo fiel que se desvia dos cansanções (espinhos que em contato com a pele produzem uma toxina que pode até paralisar um membro do corpo), para proteger o amigo que vai montado. 
Pega o boi pelo rabo, derruba no chão, desce do cavalo, imobiliza a fera sozinho com uma corda (pia), para só  depois, trazê-lo à fazenda. 
Para alguns isso é besteira. 
Para mim, uma façanha digna somente dos homens mais corajosos. Dai o orgulho de minha descendência. A minha paixão por essa vida e a minha eterna admiração pelo meu herói, o vaqueiro.

Judiciário e Ministério Público de Ibiapina cobrarão austeridade do Executivo Municipal.

Sabe-se que Ibiapina tem um histórico de abuso de poder por parte de alguns governantes inescrupulosos que assumem e deixam a prefeitura.
Quer por ignorância, raiva ou por ânsia de vingança, os maus gestores usam o poder que lhes foi outorgado pelo povo para cometer toda sorte de desmandos, desde o mais simples assédio moral, passando pelo desmonte administrativo, até a anulação de concurso  público.
Pois bem, o abuso vai até onde se permite ou não lhe impõe limite. O grande Montesquieu, autor de Do Espírito das Leis, diz que, o bom poder é aquele que é bem limitado pelo próprio poder. No Brasil, como sabemos, possuímos um só poder, dividido em três. Cada um com determinada função especificada na Carta Magna.

É com esse pensamento que o Judiciário e o Ministério Público de Ibiapina, representados pelo douto Magistrado Dr. Alisson do Valle Simeão e pela Promotora de Justiça, Dra. Karla Nava de Almeida, estiveram reunidos hoje com o Executivo atual, o prefeito Marcão e a futura prefeita Marta Ângela, para juntos, os dois poderes, acertarem os ponteiros no que tange a transição administrativa.

Na pauta estão, dentre outros assuntos o último CONCURSO PÚBLICO. 
Pelo que pude apurar o último certame foi pautado na lisura, transparência e legalidade, fato que garantem aos aprovados, a certeza de sua vigência. 
A boa notícia aos aprovados é que Dr.Alisson e Dra. Karla, buscam nessa reunião, compromisso do atual gestor e principalmente da futura gestora, seriedade na contratação dos aprovados, já que, num fato inédito em Ibiapina, um gestor realiza um concurso e outro homologa. 
Acredito que juntos, Judiciário e Executivo, encontrarão a finalidade para que foram criados: o bem estar  e a paz social.

Que de agora por diante, jamais tenhamos que viver as cenas dantescas do passado. Amém.

fala leitor!

Anônimo disse…
Ilmo srs. Vereadores eleitos em Ibiapina . Na qualidade de eleitor esclarecido , consciente e preocupado com o futuro dessa cidade , gostaria de propô-los, que a partir desse novo mandato que se inicia no ano de 2013 , V. Srias legislem de forma diferente dos anos anteriores , se possível ; comuniquem através de informativos mensais , atos e projetos de vossas autorias, sejam eles aprovados ou não . Tal sujestão , tem cunho exclusivo participativo e social , e um forte indicativo para manter nós eleitores atualizados e não alheios aos últimos acontecimentos que perneiam os nossos interesses . Aproveito também ; para solicitá-los que seja colocada no interior da Câmara Municipal , uma urna sugerindo idéias , criticas e grau de satisfação de cada eleitor.
Cada opinião , deverá ser devidamente protocolada por um membro daquela excelsa casa , no intuito de evitar que pseudas pessoas possam usar da má fé, sendo que as melhores idéias sugeridas , tenham seus autores agraciados e premiados por cada um de vocês.

Fala leitor!

Irmã Bernardeth Gonçalves disse…
sr gilson queiroz,

Sou natural de Ibiapina e abracei a irmandade pela divina graça da misericordia . Resido no Estado do Rio de Janeiro há 21 anos , e ainda tenho alguns poucos parentes em Ibiapina. Minha sobrinha Eliana me indicou essa pagina , e nessas minhas primeiras visitas , vejo oom clareza que sua vontade em construir um santuário aí em Ibiapina está se tornano um verdadeiro calvário, pois parece que as pessoas neste municipio só andam focando mesmo a questão da política e nada mais. Todos sabemos que os ideais da política não se atrela com a ordem e o respeito pelas pessoas , mas sim ; a interesses escusos, nada que contemple o lado evangelico , espiritual e vocacional na formação de uma comunidade tão carente de Deus. Uma prova disso! foi a derramada de dinheiro na compra de votos ocorrida em todo o país . Pobres eleitores basgunhentos , são eles que estragam a nossa riqueza colocando o poder nas mãos de pseudos-representantes usurpadores . Com certeza Deus condena veementemente essa prática pois tira direitos do cidadão a engradecer o seu municipio . Sr. Gilson, Gostaria muito de poder lhe ajudar nessa sua dificil tarefa. Por favor , divulgue seu e-mail para trocarmos ideias, quem sabe poderemos encontrar algumas formulas para começar a trabalhar no alicerce dessa obra santa que certamente trará fluidos positivos para essa amada cidade. E para os anonimos que não se identificam neste blog por receio , ou pela falta de personalidade , sigam o exemplo do filho de Deus que conseguiu salvar o mundo com a cara ensanguentada pelo sofrimento , mas elevando o amor ao próximo até o ultimo suspiro da vida dele. Não vamos adorar o dinheiro e o poder, eles não são absolutamente nada diante do maior dos poderes ; o de Deus! Deus os abenções

Transparência, por Merval Pereira

O país acompanha pela TV, ao vivo e em cores, o julgamento do mensalão e é testemunha de que tudo se passa na mais perfeita ordem democrática do estado de direito.

A pretexto de evitar a politização do julgamento, petistas ilustres, a começar pelo ex-presidente Lula, exerceram durante meses pressão nunca vista sobre o Supremo Tribunal Federal para que ele não se realizasse durante as eleições municipais.
A preocupação era tamanha que Lula chegou a ameaçar o ministro Gilmar Mendes de denunciar, na CPI do Cachoeira, uma suposta relação do ministro com o bicheiro, o que foi prontamente repelido. Tornado público o episódio, ficou claro que não havia o que denunciar, e o tiro saiu pela culatra.
Inevitável o julgamento, Lula passou a procurar outros ministros em busca de apoio à sua tese de que tudo não passou de uma farsa. A Dias Toffoli foi dito, em público pelo atual prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, e em particular pelo próprio Lula, que ele não tinha o direito de se declarar impedido, mesmo tendo trabalhado sob as ordens do ex-ministro José Dirceu e assinado documento, na posição de delegado do PT, afirmando que o mensalão ainda estava para ser provado.
O ministro Ricardo Lewandowski recebeu Lula em casa, em São Bernardo do Campo, antes do julgamento. Essas pressões petistas foram as reveladas, uma pressão que, ao contrário, eles atribuem à “mídia conservadora” que estaria atuando para condenar “o governo popular”.
Mas os mínimos detalhes foram observados para que não se dissesse que o julgamento tinha qualquer laivo de tendenciosidade. O presidente do STF, Ayres Britto, abria sempre as sessões anunciando a Ação Penal 407, e encabeçava a lista dos réus com José Dirceu de Oliveira e Silva. A partir de um certo momento, deixou de citar o nome de Dirceu, dizendo genericamente que os réus eram conhecidos.
Também a palavra “mensalão” desapareceu da boca dos ministros, pois advogados de defesa alegaram que o nome era depreciativo e já embutia decisão sobre o caso.
Mas o revisor Lewandowski, sempre que pode, refere-se ao caso mineiro, lembrando que ele é a origem de tudo. É certo que ele não cita o PSDB, partido cuja regional de Minas envolveu-se originariamente com o lobista Marcos Valério para fazer, em termos locais, o mesmo que o PT faria em termos nacionais anos depois, mas a repetição mostra preocupação de relativizar o esquema denunciado pelo processo.
Os ministros do STF não perdem uma chance de explicar didaticamente as razões jurídicas que os levam a condenar alguns e absolver outros, e, quando há uma dúvida razoável, a discussão ganha até mesmo ares de confronto, com ministros sendo mais ríspidos do que deveriam, alterando a voz para impor suas convicções.
Em algumas ocasiões, especialmente nas primeiras sessões, houve até momentos em que ele esteve em risco, como quando Lewandowski ameaçou abandonar o plenário.
Dias Toffoli, na última sessão, chegou a dizer que seu colega Luiz Fux estava sendo “indelicado”. O relator Joaquim Barbosa, que não aguenta ser contestado sem revidar, cortou um comentário do mesmo Toffoli, que usou um “assalto a banco” para contestar a posição do relator sobre lavagem de dinheiro, afirmando: “Não é assalto a banco, mas é assalto aos cofres públicos”.
Lewandowski e Toffoli estão em minoria no plenário, isolados em suas posições na maioria dos casos, mas têm encontrado apoio nas questões relativas a lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, temas que são acessórios ao principal no julgamento, mas que têm grande importância tanto na hora de definir as penas quanto na formação de uma jurisprudência que vai influir nos julgamentos das várias instâncias da Justiça brasileira daqui para a frente.
O que se vê, então, é que os ministros do Supremo — a maioria nomeada por governos petistas — são capazes de discutir às vezes asperamente em torno de temas que não obtêm consenso do plenário, e são também capazes de absolver quando uma “dúvida razoável” persiste.
Os placares condenatórios elásticos — de 10 a 0 para Delúbio Soares; 9 a 1 para José Genoino; e 8 a 2 para José Dirceu — só indicam que não houve dúvidas sobre suas culpabilidades.

PT versus PT, por Ruy Fabiano

A contradição é inerente ao ser humano, que vive em constante tensão dialética entre o mal e o bem. Não há novidade nessa sentença, que o próprio Conselheiro Acácio assinaria.
Ocorre, porém, que, quando a contradição deixa de ser uma circunstância existencial e se torna um padrão de ação política, algo está errado. O PT, como se sabe, cogitou de ir à Justiça pedir que se proíba o uso do tema do Mensalão na campanha eleitoral.
À parte o absurdo da iniciativa, que revela a índole autoritária do partido – que, diga-se, sempre fez da corrupção alheia, real ou fictícia, o seu discurso político -, age agora em sentido contrário a si próprio. Contradição da contradição.
Senão, vejamos: em sua manifestação após ser condenado por 8 a 2 pelo Supremo Tribunal Federal, como corruptor ativo – e aí não há contradição, já que se trata de alguém que pode ser tudo, menos passivo -, o ex-ministro José Dirceu declarou que não trataria do assunto agora, pois sua prioridade é “eleger Fernando Haddad prefeito de São Paulo”.
Ora, se um condenado pela mais alta corte judiciária do país assume estar envolvido numa causa eleitoral, como pode pretender que sua condição judicial presente seja ignorada pelos adversários?
Antes de mais nada, não há qualquer ilicitude na exploração do tema do Mensalão, em qualquer circunstância, já que se trata de um dado objetivo – e presente – da realidade política brasileira, confirmada à exaustão por sua Suprema Corte.
Mas, mesmo que se tratasse de mera hipótese, ainda no campo das especulações, seria inadmissível apelar à mordaça.
Não há democracia sem liberdade de expressão, sem prejuízo de haver remédios legais contra os que dela se valem para injuriar, caluniar ou difamar. Mas nem é disso que se trata.
O Mensalão já não é uma hipótese. É um fato atestado pela unanimidade do STF. Há um partido responsável, o PT, e uma penca de figuras-satélites – alguns, como o deputado João Paulo Cunha, chegaram a postular cargos na eleição municipal.
Como dissociá-los do prontuário que exibem? Omitir a qualificação que passaram a ostentar a partir do julgamento seria um desserviço ao eleitor, que estaria sendo induzido a erro, supondo estar diante de cidadão ficha limpa.
Por outro lado, se Haddad admite ter Dirceu como cabo eleitoral, está, queira ou não, avalizando sua conduta. Já não se trata de um réu, mas de um condenado – por um largo placar, que o exclui dos eventuais benefícios dos embargos infringentes no STF.
O que se discutirá, na sequência, é a pena que terá, se em regime aberto ou fechado.
As contradições não param aí. O PT considera uma apelação mencionar, em relação a Haddad, sua responsabilidade quanto aos kit gay, promovidos (e pagos com dinheiro público) ao tempo em que era ministro da Educação.
Se os kits fossem de teor benéfico, Haddad deveria ser o primeiro a querer discuti-los em público. Se evita o assunto é porque o sabe insustentável e o quer ver pelas costas: faz parte do passado e o passado não deve constar da campanha.
No entanto, seu cabo eleitoral Dirceu evoca exatamente o seu próprio passado – que sustenta ser glorioso – para confrontá-lo ao veredicto do STF. Em resumo, só se deve apelar à história pessoal se essa servir de contraponto a algo adverso do presente.
Eis aí a contradição como método de ação política. O mesmo partido que acusa o STF de não ser transparente ao julgar o Mensalão, atribui ao televisionamento ao vivo das sessões a causa dessa deficiência. Ou seja, a transparência (o televisionamento) seria a causa da falta de transparência do julgamento.
E por aí vai, deixando um claro recado: em política, coerência quase sempre é um adversário. E viva a contradição.
Ruy Fabiano é jornalista